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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Caminhos de Pedra na Linha Palmeiro, serra gaúcha: uma viagem no tempo


Por Marcia Monteiro (*)
Marcia Monteiro é uma jornalista que descobre recantos diferenciados da serra gaúcha e como estamos no inverno, In Vino Viajas apresenta as descobertas da Marcia na Linha Palmeiro, município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Além das fotos da Marcia, incluimos imagens retiradas do site do roteiro - entre as quais a foto acima, que mostra Nora Merlo, proprietária da Casa Righesso, no início do projeto Caminhos de Pedra. Vamos passear com a Marcia.

 “Mais uma vez tive o prazer de visitar a Serra Gaúcha, este pedaço de Brasil que tem lugar garantido no meu coração...

E desta vez tive a oportunidade de conhecer um pouco melhor o roteiro Caminhos de Pedra. Localizado na Linha Palmeiro, uma das maiores linhas de colonização italiana e que no final do século XIX teve seu momento áureo, pois era a única ligação entre a colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves) e a colônia Caxias. Veja abaixo uma foto de 1920 mostrando casas que você encontra ainda hoje no roteiro.

Devido ao grande movimento neste trecho, foram construídas inúmeras casas e estabelecimentos comerciais. Porém, a partir de 1970, com abertura da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado, a Linha Palmeiro caiu em desuso, e consequentemente no esquecimento.

Em 1987, através de um projeto idealizado pelo engenheiro Tarcísio Michelon e o arquiteto Júlio Posenato que visava resgatar e preservar a cultura trazida pelos imigrantes italianos que chegaram na região a partir de 1875 (e plantavam vinhedos, como o abaixo), foi realizado um levantamento arquitetônico de todo o interior de Bento Gonçalves. 

Assim, foi constatado que a Linha Palmeiro possuía o maior acervo de casas antigas feitas em pedra e madeira, e que contavam parte da história da imigração - como a Casa da Ovelha, abaixo.

Com a recuperação arquitetônica, Caminhos de Pedra se tornou um atrativo turístico de Bento Gonçalves, e hoje possui 15 pontos de visitação, como a Casa da Ovelha, a Casa da Erva Mate - com seu moinho d'água (abaixo)e a Casa da Tecelagem (veja abaixo um mostruário de tecidos).


Outros achados foram as Vinícola Salvati e Sirena - que fazem um resgate das uvas italianas, a Vinícola Strapazzon - onde é possível conhecer as antigas ferramentas usadas na vinificação pelos primeiros imigrantes – veja abaixo. 

A Pousada Cantelli, uma casa construída em 1878, hoje disponibiliza três apartamentos para hospedagem, mais de 130 anos depois de construída – veja abaixo.

Em 2009, Caminhos de Pedra foi declarado Patrimônio Histórico Cultural do Rio Grande do Sul. Prepare-se para uma deliciosa viagem no tempo..."

Dica de Rogerio Ruschel, o editor: O Roteiro Caminhos de Pedra funciona 365 dias por ano das 9 às 17:30 hs e além das atrações citadas pela Marcia no post, existem cerca de 50 outros pontos de observação do patrimônio arquitetônico e da paisagem indicados, descritos e localizados no mapa que pode ser baixado do site
Marcia e um dos tradicionais muros de pedra que denominaram o roteiro
  
(*) Marcia Monteiro é carioca, jornalista e guia de enoturismo. Mantém o blog “Viagens de Marcia por el mundo de Dios!” onde este post foi publicado originalmente – http://viagensdemarcia.blogspot.com.br








sexta-feira, 26 de julho de 2013

As belas Pontes de La Caille em Annecy: um brinde aos Alpes franceses

 
Por Rogerio Ruschel (*)
Se você estiver em Lyon, na França, ou em Genebra, na Suíça, certamente vai acabar visitando Annecy, uma graciosa cidade situada na Alta Savóia, na ponta do Lago de Annecy e não muito longe destas cidades turísticas. Veja abaixo o Palais de l’Isle em Annecy.
Com menos de 60.000 habitantes, Annecy surgiu no século XI como uma comunidade em torno de um castelo e fica em rotas tradicionais de turismo entre Itália, Suiça e França. A cidade tem uma interessante feira livre nas ruelas que cercam rios e lagos (veja abaixo), que você pode conhecer aqui no In Vino Viajas -http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/05/queijos-paes-frios-temperos-frutas-e.html

Mas vamos seguir viagem. Cerca de 40 Kms ao norte de Annecy, na rodovia RN 201, no sentido da Suíça (“subindo” no mapa) existem duas pontes sobre um canyon gigantesco que merecem sua visita: as Pontes de La Caille.

A primeira Ponte de La Caille (chamada de antiga) com piso de madeira e charmosas torres (veja abaixo), foi inaugurada em 11 de julho de 1839, com o nome de Ponte Charles-Albert. Ela tem 190 metros de comprimento e fica a 147 metros acima do Rio Usses (na foto abaixo minha mulher, Marisa faz o trajeto da ponte)

A ponte original de La Caille é uma das mais antigas pontes suspensas ainda utilizadas e certamente uma das mais maiores do mundo. Ela continua operante, embora por segurança hoje em dia seja utilizada apenas para o turismo e atravessada somente por pedestres. Ela pode ser visitada sem custos e ao lado existem recursos de informação, alimentação e estacionamento. 

A nova ponte de La Caille (abaixo) foi construída ao lado da antiga e inaugurada nos anos 1920, com praticamente as mesmas dimensões da antiga – talvez apenas um pouco maior. Foi criada para suportar o aumento de tráfego entre Genebra e Annecy, e ainda é utilizada para isso, embora já exista outra rodovia bem mais moderna na região.
 

 De cima das pontes você pode ver e fotografar os Alpes franceses e o enorme vale formado pelo rio Usses: uma beleza de visual.
  No bar e restaurante ao lado das pontes você pode tomar um vinho (garrafa ou cálice) da região, a Alta Savóia, desde que não esteja dirigindo, é claro. Melhor ainda: compre frios, queijos e vinho branco ou tinto em Annecy para fazer um pique-nique em La Caille. Um brinde a isso.

(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é turista que procura qualidade e conteúdo, jornalista e consultor especializado em turismo e meio ambiente e foi a Annecy por conta própria.




domingo, 21 de julho de 2013

São José dos Ausentes: frio do brabo, comida da boa, paisagem da linda e aventuras de tirar o chapéu


Por Rodrigo Ruschel (*)
Um passeio com seu pai e seu sogro pode ser bom? Se for com o meus, pode ser ótimo! Além da excelente companhia dos meus amigos, tive a oportunidade de conhecer um dos lugares mais bonitos do Brasil, São José dos Ausentes – RS. Situado nos Campos de Cima da Serra, divisa do RS com SC, a cidade tem pouco mais de 3.000 habitantes. Conhecido pelo frio intenso que deixa os campos brancos de manhã (veja abaixo) o município oferece um grande número de pousadas e hotéis- fazenda, sendo o turismo o grande impulsionador da economia da região, além da pecuária e das madeireiras.

A viagem de Porto Alegre até a cidade já é um grande passeio. Passamos por paisagens e cidades lindas, como São Francisco de Paula e Cambará; desta última até São José dos Ausentes a estrada é toda de terra, passando por vales e morros, às vezes por pontes de madeira. Mas se preferir um roteiro mais confortável, pode-se ir até Bom Jesus e utilizar estrada asfaltada, o que aumenta a viagem em uns 60 km.

No trevo de acesso a São José dos Ausentes há um CIT Centro de Informações Turísticas, ali todos estão preparados para te ajudar, sabem onde ficam todas as pousadas e pontos turísticos, são informados sobre a temperatura, afinal 10 entre 10 visitantes estão atrás do frio, e se possível da neve! Além de informações o centro oferece alguns produtos feitos na região, geléias e sucos de mirtilo, produtos em couro, artesanato e lã, ainda tem um “mini-museu”, com algumas peças características da serra gaúcha.

A cidade oferece diversas pousadas, mas para vovenciar melhor a serra gaúcha recomendo ficar nas pousadas-fazenda, em sua maioria distantes do centro da cidade. Ficamos hospedados a 29km do centro, fazendo o chamado turismo rural, na fazenda Potreirinhos, (http://www.fazendapotreirinhos.com.br/) comandada pela Da. Nilda e pelo seu Chico, pessoas extraordinárias que não vão medir esforços para você ter a melhor estadia possível. Afinal, receber bem é uma tradição gaúcha levada muito a sério!

A região hoje é muito conhecida pela pesca da Truta arco-íris e pescadores do Brasil inteiro, e até do exterior vão até São José dos Ausentes praticar este esporte no Rio Silveira. Na pousada conhecemos três paulistas que estavam lá para pescar, sendo que um deles frequentava a pousada há mais de 15 anos. A atividade esportiva está tão desenvolvida que hoje representa uma atividade econômica muito importante, tendo havido até projetos, como o do Graxaim Carçado, do qual um dos idealizadores e incentivadores é o cartunista caxiense Iotti, que busca valorizar e divulgar o esporte.

São José dos Ausentes tem uma das vistas mais bonitas do Brasil; chegar no ponto mais alto do Rio Grande do Sul, o pico do Montenegro, com mais de 1.400 m e ver a imensidão até onde a sua vista alcança é indescritível. Estas paisagens deslumbrantes te convidam para outras duas grandes atividades, a caminhada e a cavalgada.

Existem grupos de caminhada que vão mensalmente para os Ausentes, como o grupo de Bento Gonçalves chamado Indiada Buena que promove caminhadas, acampamentos e aventuras em meio a natureza, uma grande oportunidade de conhecer os cânions, cachoeiras e outros cartões postais que a cidade tem para oferecer. E, é claro, cavalgadas.

A nossa grande aventura foi a cavalgada, fizemos duas nos dias em que estivemos lá, a primeira até a vista do Cachoeirão dos Rodrigues (acima), uma queda d’água com 28m, mas como havia chovido na noite anterior o volume de água estava muito alto e não pudemos passar sobre a cachoeira. A outra cavalgada foi até a Cachoeira do Dez (abaixo): saindo da pousada tivemos que atravessar o Rio Silveira, subir e descer diversos montes e morros. É uma queda d’água menor, mas não menos bonita, e uma cavalgada mais difícil, pois toda ela é feita no campo, com muita pedra.

Todas as refeições foram feitas na pousada, e a comida, meu caro leitor, é de tirar o chapéu! Pra quem gosta de boa comida campeira, não tem lugar melhor, e todas as pousadas oferecem o melhor da culinária caseira gaúcha, como carne de panela com pinhão (um toque especial da região), leitão a pururuca, matambre recheado, sopa de capeletti, trutas e o tradicional churrasco.

Para acompanhar este festival gastronômico tínhamos sempre à disposição algumas cachaças caseiras, como de bergamota (ou mexerica/tangerina para os não-gaúchos), zimbro e outras, porque com o frio é bom para dar uma esquentada e abrir o apetite. Além da cachacinha tipica as pousadas vendem água, refrigerantes, cerveja e vinhos - embora esteja na serra gaúcha, esta região não é produtora de vinhos, mas você vai encontrar os melhores vinhos gaúchos por lá.

Com estas comidas, paisagens e vinhos você pode tranquilamente passar os 1,7 °C negativos da primeira noite e os 4° negativos da segunda noite, além obviamente, de ficar ao redor de lareirias e estufas que aquecem todos os ambientes do salão da Pousada Fazenda Potreirinhos.

Se você gosta de frio, boa comida, paisagens deslumbrantes, vistas de tirar o fôlego e aventuras, não deixe de conhecer São José dos Ausentes.

Dica final: Passando por São Francisco de Paula você deve parar e almoçar na Galeteria da Dinda, onde além de ter o melhor capeletti da região, a pode saborerar um galeto inesquecível e o churrasco de pinhão, uma espécie de bolo de carne de vaca e porco com pinhão no meio, realmente uma delícia!
Com essa dica fica meu abraço, aqui de cima deste cavalo companheiro – um brinde, caro leitor.


(*) Rodrigo Ruschel (rodrigoruschel@hotmail.com) é publicitário, gaúcho dos quatro costados, afilhado do editor deste blog e gosta de experimentar novidades e aventuras; esteve em São José dos Ausentes por conta dele mesmo.




segunda-feira, 15 de julho de 2013

O histórico carroussel da Praça da República, Lyon, França

 
Por Rogerio Ruschel (*)

Lyon é a segunda maior cidade francesa, com cerca de 2,2 milhões de moradores na região metropolitana. Fundada em 43 A.C. pelos romanos foi a capital da Gália, é hoje a terceira mais querida grande cidade do país (depois de Paris e Bordeaux) e considerada a capital gastronômica da França - o que não é pouca coisa, cá prá nós. 
 
Implantada ao longo dos rios Reno e Saone, foi cenário de eventos históricos e religiosos importantes e tem grande importância econômica para os franceses por ser um polo industrial. É também uma cidade agitada, com festas diurnas e noturnas e com muitas universidades; e tudo isto atrai turistas, é claro.
 
Entre eles, eu. Estive duas vezes em Lyon, a segunda em maio de 2013. Caminhei pela beira dos rios, fui ver a vista da colina Fourviére, na basílica, passeei pelo Parc de La Tete d’Or, visitei a Catedral de Saint Jean, estive no Museu de Miniaturas e comi muito bem e bebi muitos cálices de vinho em restaurantes da Velha Lyon.
 
Mas isto vou contar em outro post, porque o foco deste aqui é o famoso Carroussel de Lyon.                
 
Montado há muitas décadas na Rua da República, o carroussel fica defronte de um espelho d’água muito agradável em dias sem neve em plena Praça da República (veja abaixo).


Não muito longe da escadaria da beira do rio onde está a famosa escultura ONLY LYON em letras vermelhas, na Praça Bellecour, este carroussel é um dos poucos com dois andares que já fotografei (outro que me lembro fica aos pés da Torre Eiffel, em Paris).
 
Os leitores de In Vino Viajas sabem que “coleciono” imagens de carrousséis. Carrosséis são antigas criações de lazer popular e existem em praticamente todos os continentes. Veja nas fotos a seguir alguns detalhes deste de Lyon.
 
São conhecidos por carrousel em frances, carosello ou giostra em italiano; carosella em espanhol e merry-go-round em ingles. Alguns deles são guardados como verdadeiro patrimônio cultural da cidade.
 
Historiadores dizem três coisas curiosas sobre carrosséis: 1) o primeiro registro da existência de um carrossel destes é um baixo-relevo bizantino com cerca de 500 anos Antes de Cristo; 

2) carrosséis foram utilizados como parte do treinamento de soldados das cavalarias turca e árabe no século XII; 
 
e 3)  na Europa os carrosséis giram no sentido horário e nos Estados Unidos eles andam quase sempre no sentido anti-horário - isto como cultura inútil é simplesmente maravilhoso.
 
Os mais antigos na Europa são franceses e datam do século XVI; eram utilizados para enfeitar palácios e áreas imperiais ou entreter convidados em eventos da corte como casamentos ou recepções a visitantes de outros paises. 
 
Não sei muito mais sobre carrosséis, mas meu lado criança se divertiu muito com este clássico carroussel da Praça da República, em Lyon, e por isso compartilho com você, enquanto almoço na capital francesa da gastronomia. Um brinde a isso!


(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é jornalista de turismo de qualidade e consultor especializado em sustentabilidade. Foi a Lyon por conta dele mesmo.