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quinta-feira, 28 de março de 2013

Um brinde a Horácio Barros, o pai da maior viagem de enoturismo do mundo

 
Por Rogerio Ruschel (*)

Horácio Morais Barros é mineiro, engenheiro e aposentado. Como é consultor e autor de livros e CDs sobre vinhos, decidiu conhecer pessoalmente algumas regiões vinícolas. Mas do seu jeito. Ao fim de dois anos de planejamento a idéia se transformou no projeto Wine World Adventure: uma volta ao mundo do vinho em 170 regiões vinícolas de 24 países conhecendo mais de 700 vinícolas, durante 30 meses, com mais de 100.000 kms percorridos em um motor-home. No motor-home estão dois filhos: Pedro e Natália. A viagem começou em janeiro de 2011 e deve durar até junho de 2014. 

 
Acompanhe o percurso deles pelo site http://www.wineworldadventure.com/ ou aqui,  porque o In Vino Viajas vai publicar posts com alguns dos melhores destinos de enoturismo desta família que está fazendo a maior enovolta ao mundo.

No post de hoje publicamos a primeira parte de uma entrevista exclusiva com Horácio. Veja a seguir. 
 Os viajantes relaxam fazendo rafting na serra gaúcha


In Vino Viajas - Como e porque surgiu a idéia da viagem?
Horácio - A ideia da viagem surgiu no final de 2009, dois anos antes da partida, que ocorreu em 01 de janeiro de 2012. Ela surgiu quando eu, professor e consultor de vinho como hobby e engenheiro de profissão estava pronto para aposentar, após 35 anos de trabalho em uma siderúrgica mineira. A ideia inicial era passar um ano estudando e visitando vinícolas na França e Itália, dois dos principais produtores de vinhos do mundo. 
Pedro, o Curuma

Depois de conversar com meu filho, Pedro Henrique, fotógrafo profissional e formado em Publicidade e Comunicação Social ele me entusiasmou a aumentar o projeto. Então, partimos em conjunto para detalhamento do projeto, eu na parte técnica com relação ao tema vinho, definição da rota básica, países a serem visitados. E, Pedro elaborando um “book” para apresentar o projeto de mídia para o meio empresarial. Foram meses de trabalho definindo as regiões vinícolas a serem visitadas, fazendo o levantamento das vinícolas, lista de contatos, cartas de apresentação em várias línguas.
Natalia, a camera-woman

Minha filha Natália entrou no projeto cerca de 6 meses antes da partida, pois necessitávamos de mais uma pessoa para realizar a filmagem. E ela que nunca tinha manuseado uma câmera partiu para um curso intensivo e hoje está dominando a arte de filmagem. Após muita luta conseguimos a aprovação da empresa IVECO de nosso projeto, e ela tornou-se nosso patrocinador principal. A IVECO entrou com a fabricação do Motor-home e apoio de manutenção do carro com suas concessionárias espalhadas pelo mundo. Coincidentemente, dos 24 países de nossa rota, o Grupo IVECO tem fábricas e concessionários em 18 deles. Conseguimos também apoio de outras empresas, entretanto grande parte dos custos como combustível, alimentação, transporte marítimo estão sendo bancados por mim (Nota do editor: o custo total do projeto está estimado em R$ 560.000,00)
Mapa resumindo os trechos de transporte marítimo do motor-home
 
In Vino Viajas - Qual o melhor aprendizado em termos de crescimento pessoal para cada um de vocês?
Horácio - O aprendizado é enorme. Primeiramente, a convivência em um espaço de 27 metros quadrados, (morávamos em uma casa ampla, com quase 500 metros quadrados). Segundo, não tínhamos nenhuma experiência em Caravanismo, e eu nem sabia dirigir um veículo de grande porte. A convivência durante os primeiros 13 meses de viagem foi tranquila, logicamente algumas divergências ocorreram devido a diferença de idades, eu com 62 anos e meus dois filhos, Pedro, com 26 anos e Natália, com 28 anos. 
 
São várias vertentes de crescimento pessoal. Poderia destacar o conhecimento da cultura de cada país. Saber se adaptar as regras vigentes em cada país nos tornou pessoas mais flexíveis e maleáveis. Também como a cada dois ou três dias necessitávamos elaborar textos, preparar fotos e vídeos, funcionamos como uma mini-empresa, com reuniões matinais. Aprendemos também a dividir as tarefas tanto da casa  quanto do motor-home - encher tanques de água, descarregar esgoto de resíduos, etc. Nos três primeiros meses de viagem ficamos um pouco perdidos. Mas, como dizem os argentinos, “despacito” fomos “arreglando las cosas”. Hoje estamos ajeitados e tudo funciona muito bem. Outro grande aprendizado é que decidimos estudar em conjunto várias línguas. Compramos livros e CDs para estudar francês e italiano. Cada um ajudando o outro. Isto nos uniu mais.
 

In Vino Viajas - Uma vida em motor-home requer disciplina; como todos estão agüentando?
Horácio - Sim, viver em um motor-home é necessário ter disciplina, métodos e não deixar de fazer as coisas em cada momento. Por exemplo, se terminou o gás deve-se fazer a troca imediata; terminando o nível de água nos reservatórios é necessário anteceder e convencer os proprietários de postos de combustível a ceder um pouco de água. 

 
Organização é essencial pois o espaço é muito pequeno. Todos os objetos têm o seu devido lugar, e é preciso sempre voltá-los pro mesmo lugar imediatamente após o seu uso pra evitar a bagunça. No início foi difícil mas depois fomos nos acostumando e nos organizando melhor.  Acho que Pedro e Natália estão aguentando por causa da recompensa: conhecer lugares maravilhosos, aprender e viver novas experiências.

Veja aqui no In Vino Viajas outros posts com a segunda parte desta entrevista com o Horácio e com destinos de enoturismo da maior enovolta ao mundo, preparados pelos viajantes da Wine World Adventure. Acompanhe o percurso diário deles pelo site
(*) Rogerio Ruschel, editor deste blog é jornalista, consultor especializado em sustentabilidade e admira muito o trabalho do Horácio Barros e familia.



segunda-feira, 25 de março de 2013

Seis Vinhedos Patrimônio da Humanidade: do Alto Douro de Portugal a Tokay, na Hungria


 
Por Rogerio Ruschel (*)

Alguns dos melhores destinos turísticos do mundo estão inseridos em paisagens tão bonitas e historicamente importante que foram reconhecidas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Mundial da Humanidade – como os vinhedos do Alto Douro, em Portugal, abaixo.
Entre os 962 sítios tombados pela Unesco em 153 países, 188 são naturais, e entre eles estão seis regiões produtoras de vinhos: Alto Douro, Portugal; Vinhas do Pico, Açores/Portugal; Saint-Emillion, França; Tokay, Hungria; Lavaux, Genebra/Suiça e Mittelrhein, Alemanha.
Veja um pouco destes Patrimônios neste post – mas cada região destas vai ganhar ou ja ganhou um post eexclusvo aqui no In Vino Viajas.  
 
Alto Douro, Portugal

Considerada a mais linda região vinícola do mundo, o Vale do Douro – onde está a região Alto Douro Vinhateiro – foi tombado pela Unesco como patrimônio da Humanidade em 2001, o que vem ajudando a preservar a beleza da região vinícola demarcada mais antiga do mundo. Nestas encostas encantadoras do rio Douro são produzidos o vinho do Porto (vinho fortificado), vinhos de mesa de grande qualidade, espumantea e moscatéis. 

Partindo da cidade de Porto você pode embarcar em um dos diversos roteiros de navio pelo rio Douro, apreciando as encostas íngremes cobertas de vinhedos e conhecendo as atrações históricas, arquitetônicas e gastronômicas de simpáticos vilarejos estacionados no tempo. 

Saint-Emillion, França

Uma das principais regiões produtoras de vinhos tintos de Bordeaux  (e do mundo), Saint-Emillion é um vilarejo medieval com arquitetura e história muito ricas. Entre as atrações estão castelos, igrejas, museus, monumentos subterrâneos, uma gastronomia de altissimo padrão e, é claro, os vinhedos. Os vinhos são excelentes e o turista é recebido com simpatia e respeito.

Saint Emillion se situa no lado direito do rio Gironde que cruza Bordeaux e os vinhos Saint-Emillion utilizam principalmente as uvas Merlot e Cabernet Franc, produzidas em chatéaux – castelos. 

E por falar em castelos, na região tem 103 castelos! Na própria Saint Emillion, com seus 2.500 moradores que começou a ser construída no século IX, preserva encantos medievais como castelos. 

Ilha do Pico, Açores, Portugal

  A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico foi tombada pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade em 2004 e compreende uma área de 987 hectares na ilha do Pico, a segunda maior do arquipélago dos Açores, território português. A vinicultura é praticada na Ilha do Pico desde o século XV (com a chegada de portugueses em 1460, e muito desta herança permanence em casas particulares, solares do início do século XIX, adegas, igrejas e portos. 

 
A região classificada inclui um notável padrão de muros lineares paralelos e perpendiculares à linha de costa rochosa, onde as vinhas – com a uva Verdelho do Pico - são cultivadas em chão de lava negra. 
 
Os muros com cerca de 1 metro foram construídos para proteção dos milhares de pequenos e contíguos lotes retangulares (chamados de currais ou curraletas) da maré proveniente da água do mar e do vento maritimo, mas deixando entrar o sol necessário à maturação das uvas.
 
Tokay, Hungria

Tokaj-Hegyalja é uma região vinícola histórica localizada a nordeste da Hungria. A capital regional é Tokaj e a região compreende 28 localidades e 7.000 hectares de vinhedos.
 
O vinho Tokaji (ou Tokai) é único no mundo e a mais antiga casta de vinho super doce, “botritizado”, cuja origem data do século XVII. As uvas são atacadas pelo fungo Botrytis que fura as bagas permitindo que o líquido escorra e concentre o açúcar. 
 
E já que você vai estar lá aproveite para conhecer Budapeste, a capital, e algum dos países vizinhos como a Austria, Croácia ou Sérvia.
 
Lavaux, Genebra, Suiça

Os vinhedos em terraço da região de Lavaux foram tombados pela Unesco como Patrimônio da Humanidade em 2008. 
 
Trata-se de uma área no Cantão de Vaud com 14 vilas e pequenas cidades, com 40 Kms de frente para o Lago Genebra, que concentra 830 hectares de vinhedos cultivados desde o século XI em terraços debruçados sobre o lago sempre azul.
 
Os vinhedos, com altitude variando de 372 a 936 metros, tem a proteção das montanhas Jura e a refrigeração dos ventos que entram pelo Lago Genebra vindos dos Alpes franceses e do Mont Blanc.

Mittelrhein, Alemanha

  A região vinícola de Mittelrhein fica no Médio Reno, entre Koblenz e Bingen, próxima das cidades de Mainz, Wiesbaden e Frankfurt, e “vizinha” da Bélgica. Reconhecida pela Unesco em 2002, a região tem cerca de 460 hectares, especialmente de uvas brancas Riesling.

 
Viajar pelo vale ou pelo rio com vinhedos de ambos os lados, permite reviver a história e conhecer castelos, igrejas, fortes, vilarejos e a famosa pedra Loreley – um rochedo com 120 metros que é associado a lendas germânicas sobre ninfas que viviam nas águas. Veja abaixo, a cidade de Mainz.
 

(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br  - é jornalista, enófilo e consultor especializado em sustentabilidade.

 

 

 











 






 


 



quinta-feira, 21 de março de 2013

O hotel holandes onde os turistas dormem em toneis de vinho


Por Rogerio Ruschel (*)
Existe um hotel holandes com pelo menos duas estranhezas: o nome - Hotel de Vrouwe van Stavoren – e o fato de que os hóspedes podem dormir dentro de barris de vinho.

É claro que não tem mais vinho dentro dos barris, e também é certo que os barris na verdade são toneis daqueles grandes, para 14.500 litros – mas continuam sendo toneis de carvalho usados para envelhecer vinhos. 

São só 4 quartos feitos com toneis, mas os turistas fazem fila para ocupá-los no verão. Cada quarto tem duas camas de solteiro que podem virar uma de casal e uma pequena sala com televisão. Outros toneis foram usados para compor a sala da recepção, áreas de lazer e outras dependências.Na alta temporada o custo inicial da diária é de 110 Euros para duas pessoas, mas se você chegar lá entre novembro e fevereiro vai encontrar diárias por cerca de 28 Euros por noite – se encontrar o hotel no meio de tanta neve!

O hotel fica no vilarejo de Stavoren (veja abaixo), Provincia de Friesland, Holanda, famosa por ser o ponto de chegada de uma corrida de 200 quilometros com esquis, no inverno mais rigoroso, a corrida “cross-country ice skaters” Elfstedentocht. Stavoren tem um porto bem cuidado e oferece também como atração uma floresta na qual o turista pode passear de esqui, pedalar em uma das dezenas de trilhas para bicicletas ou fazer longas caminhadas.

O hotel comprou os barris de uma cave da Suiça e os preparou com uma série de cuidados de limpeza e higiene para colocar em uso. E é claro que o restaurante do hotel oferece culinária internacional com uma boa carta de vinhos.

* Rogerio Ruschel, editor deste blog, é jornalista de turismo e consultor especializado em sustentabilidade; gosta de vinho mas nunca pegou no sono dentro de um tonel de carvalho





segunda-feira, 18 de março de 2013

Primavera nos parques de Genebra - 2: tim-tim

 
Por Rogerio Ruschel (*)
Em post anterior mostramos vários parques e museus de Genebra – veja o post Genebra: um brinde aos museus e parques na primavera neste blogue.
 
Muitos dos mais de 50 parques de Genebra – a Cidade dos Parques - são pequenos e podem estar unidos por pequenas ruas ou alamedas floridas; alguns deles podem sediar museus, organizações internacionais e restaurantes como o Parque da Imperatriz, o Jardim Botanico, Parc L’Ariana (foto abaixo, com o Museu da cerâmica), o Parc Mynier e o Parc Barton.

O Jardin Anglais é um dos parques que recebem mais turistas, porque dentro dele estão várias atrações. Uma delas é o relógio com flores – o Horloge Fleurie - criado em 1955 e que tem mais de 6.500 flores trocadas a cada temporada: em um ano podem ser predominantemente amarelas, na próxima primavera o tom dominante pode ser azul, mas sempre será de bom gosto.

Outra atração na região do Jardin Anglais é o famoso jato de água (o Jet d’Eau). Com 140 metros de altura, na frente dos cais floridos que cercam a lago Genebra, na região do Parc Des Eaux-Vives, o jato de água (abaixo) pode ser visto de qualquer lugar da cidade e é um dos ícones de Genebra.
 
Feito em 1891 para funcionar como uma válvula de escape de pressão de um sistema de transporte hidráulico da cidade, o jato virou uma atração turística única no mundo. 
 
Outros recantos menos turísticos mas muito queridos pelos genebrianos são a Geneve Plage e a Baby Plage (abaixo, no verão), lugares para curtir uma praia no verão tomando cerveja holandesa ou belga e vinho frances ou suiço e batendo papo com amigos.


O verão suiço, que pode durar uma “enorme” temporada de até 7 semanas é festejado com a alegria de quem realmente esperou ansiosamente pela chegada do sol. 
 
E quando no fim da tarde você quiser relaxar dos passeios, poderá jantar a bordo de um dos barcos de turismo no lago (foto abaixo) ou entrar em um restaurante e pedir alguns queijos (peça o cardápio especializado) para comer com taças de vinho branco suíço – os vinhos brancos da denominação Lavaux, região mais próxima de Genebra, são produzidos com duas fermentações a partir das castas Chasselas (68% da produção), Pinot Gris, Viognier, Sauvignon, Chardonnay, Silvaner ou Doral. 
Outro passeio reconfortante é uma visita ao Jardim Alpino, que reúne plantas de mais de 100 montanhas dos Alpes e tem coleções especiais como “plantas protegidas da Suiça” e outras. Dentro dele está o Monumento Brunswick (abaixo), que homenageia o Duque de Brunswick, Charles d’Este-Guelph, que doou uma grande fortuna à cidade de Genebra em 1870.
 
Neste post não vou falar de outras três atrações clássicas de Genebra: o monte Saleve, onde você até mesmo saltar de para-pente, a cidade velha (ou cidade histórica) e os passeios de barco pelo lago Genebra. Isto vai ficar para outro dia. Até lá, tim-tim, meu caro leitor.

(*) Rogério Ruschel é jornalista de turismo e enoturismo e consultor especializado em sustentabilidade. Divide com a filha Renata a autoria de algumas das fotos aqui publicadas.